O panorama dos investimentos no transporte de passageiros e de cargas sobre trilhos foi o tema do encontro entre a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Durante a audiência no Palácio dos Bandeirantes, Vicente Abate, alertou para o cenário preocupante que se desenha para o setor metroferroviário brasileiro. “A indústria ferroviária brasileira está empregando hoje apenas algo em torno de 25% de sua capacidade instalada, muito disso em virtude do fato de que a maior parte dos projetos que vem sendo anunciados pelo setor público não tem se concretizado”, afirmou o presidente da ABIFER.
A necessidade da indústria ferroviária poder contar com uma perspectiva no horizonte próximo foi abordada também por Michel Boccaccio, vice-presidente da Alstom para a América Latina. “A indústria precisa poder elaborar cenários confiáveis com base nos planejamentos apresentados pelo governo, em todos os níveis. Os planos e projetos governamentais precisam ser insumo para o desenho de panoramas com relativa segurança. É preciso garantir mais previsibilidade”, ressaltou Boccaccio.
Um dos projetos de maior destaque na América Latina para o setor, e que também foi abordado durante a reunião com o governador Geraldo Alckmin foi a reformulação do sistema ferroviário da Grande Buenos Aires, estimado em US$ 14 bilhões e considerado o maior empreendimento do mundo nas últimas décadas no que diz respeito ao transportes de passageiro sobre trilhos.
“O fornecimento destes trens para o projeto argentino é considerado prioritário para a indústria ferroviária, com reflexos diretos para a economia brasileira. Não apenas no que diz respeito à garantia de uma demanda capaz de assegurar a estabilidade da indústria nacional, mas com impactos, por exemplo, na geração postos de trabalho. Apenas em relações aos empregos diretos, a produção para atender essa demanda elevará a mão de obra do setor de 3,5 mil para 11 mil postos de trabalho. Isso sem levar em conta toda a cadeia produtiva”, destacou Vicente Abate, da ABIFER.
O presidente da CAF Brasil, Renato Meirelles, falou sobre a necessidade de uma decisão de governo, de política de Estado, em defesa da indústria nacional. “Nós sabemos que existem as limitações impostas em razão dos compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito da OCDE. Entretanto, é preciso que o governo adote uma posição política, de Política de Estado, em defesa das empresas brasileiras que disputam espaço no cenário internacional”, defendeu Meirelles.
Sobre a necessidade urgente de equacionalizar as situações relacionadas ao Fundo de Garantia às Exportações (FGE), o diretor de relações governamentais da Associação Nacional do Transportador e do Usuário de Estradas, Rodovias e Ferrovias (ANTUERF), Saulo Batista, os debates sobre a reestruturação dos mecanismos do Seguro de Crédito à Exportação (SCE) não podem prescindir de soluções de curto prazo, que garantam a continuidade das operações de empresas brasileiras que atuam no comércio internacional.
“Existe uma necessidade de reformulação do FGE, de mudanças mais estruturais. A proposta que altera sua natureza, de fundo contábil para financeiro, com execução mais agíl e menos sujeitas às amarras do orçamento da União, mais compátivel com a natureza de fundo atuarial, de cobertura de riscos. Mas é preciso que tenhamos soluções de curto prazo, que resolva as questões decorrentes, por exemplo, do default da Venezuela, Anagola e Moçambique, a fim de que o ano de 2018 não reste integralmente comprometido para os exportadores brasileiros”, destacou Saulo Batista, especialista em orçamento público.
Fonte: NBN Brasil
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