Após levantar quase R$2,4 bilhões na venda de direitos para operar 12 aeroportos regionais nesta sexta-feira, o governo deve concentrar seus esforços para privatizar ativos de infraestrutura na concessão da Ferrovia Norte-Sul, que terá sua fase de ofertas aberta no dia 28 de março, e provavelmente em mais aeroportos, disseram analistas.
O governo ofertou os aeroportos em três blocos, divididos por regiões, com a maioria dos consórcios vencedores sendo estrangeiros. A espanhola Aena venceu na região Nordeste, a mais disputada, pagando R$1,9 bilhão – ágio de aproximadamente 1.000%, disse o governo.
O bloco do Centro-Oeste foi levado pelo consórcio Aeroeste, que pagou R$40 milhões, ou ágio de 4.700%, enquanto o bloco Sudeste foi vencido pela Zurich, por R$473 milhões, ágio de 940%.
Analistas da XP, do BTG Pactual e de outros bancos disseram que o destaque da rodada de hoje foi que houve mais interesse privado do que nos leilões anteriores – em um sinal de que o investidor estrangeiro vê com bons olhos a decisão da administração Jair Bolsonaro de trazer à iniciativa privada a gestão de ativos de infraestrutura com regras claras no longo prazo.
“Agora, temos operadores aeroportuários importantes e há cada vez mais interessados chegando. Aquele aeroporto que não tinha muito voo começará a ter voos para o aeroporto maior. A livre concorrência permite que nossas expectativas sejam superadas”, disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no Twitter.
Para o BTG Pactual, a Ferrovia Norte-Sul pode marcar o próximo teste em matérias de licitações de ativos de infraestrutura. O total de investimentos para a linha está estimado em R$2,72 bilhões, descontada a inflação. O vencedor será o licitante que oferecer o maior ágio relativo à taxa mínima de concessão; o valor presente líquido do projeto foi fixado em R$1,353 bilhão. O leilão já vem atraindo polêmica há algum tempo e, em semanas recentes, o Ministério Público Federal recomendou ao Ministério da Infraestrutura e à ANTT a suspensão do processo, questionando o “modelo vertical” de escolha de concessão, em que apenas uma empresa controla o trecho.
Também há preocupações quanto ao edital, que em teoria favoreceria as atuais operadoras ferroviárias da Norte-Sul, a Rumo e a VLI – empresa de logística criada pela Vale e que tem a mineradora como sua acionista. Uma outra etapa de concessões será o leilão de dez terminais portuários, a ser feito em duas partes. Primeiro, serão leiloados em 22 de março o arrendamento de quatro áreas.
Fonte: TC News
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