Maior produtora mundial de nióbio, insumo usado na produção de aço, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) estuda uma mudança logística para o transporte do produto em Minas Gerais que deve reduzir custos e dar mais segurança à operação. A empresa pretende transportar por trem sua produção das minas de Araxá (MG) até portos do Rio de Janeiro e de São Paulo, de onde saem navios carregados para clientes da Europa, Ásia e América do Norte.
Parte do trajeto até os portos já feito pelos trilhos. Há quatro anos, a CBMM fechou um contrato com a MRS, que administra a linha férrea que conecta Belo Horizonte a portos dos dois estados. Com isso, a empresa passou a ter possibilidade de transportar suas cargas por trilhos desde a capital mineira aos portos de Itaguaí (RJ) e de Santos (SP). Mas de Araxá até Belo Horizonte, ainda continua dependendo de caminhões.
Integrar por trilhos sua produção aos portos é uma discussão que começou a ser feita há cerca de seis meses. “Nós já conversamos sobre esse tema no Ministério da Infraestrutura começamos a conversar com MRS e com VLI, que administra o trecho de Araxá até Belo Horizonte”, disse o presidente da CBMM, Eduardo Ribeiro.
A VLI, por meio de sua assessoria, afirmou que as conversas estão em fase inicial, mas que a empresa está aberta para uma tratativa com a CBMM e que há disponibilidade da ferrovia para o escoamento do nióbio até Belo Horizonte. A Ferrovia Centro-Atlântica, operada pela VLI, liga o Triângulo Mineiro, no oeste de Minas, ao litoral do Espírito Santo. Circulam por essa rota trens carregados de grãos. O trecho que interessa à CBMM é parte desse percurso.
“Precisaria de alguns investimentos, não só no trajeto Araxá-Belo Horizonte, mas num terminal em Araxá que permitisse a gente fazer o carregamento”, disse Ribeiro. “Já iniciamos essas conversas”.
A linha Araxá-Belo Horizonte é de bitola métrica (um metro de largura entre os trilhos) e a que sai da capital em direção aos portos tem bitola larga (1,60 m). Isso significa que a CBMM teria de retirar a carga dos trens oriunda de Araxá e, em Belo Horizonte, transferi-la para outros trens. O que sai da usina de metalurgia da empresa em Araxá são bags de uma ou duas toneladas e também tonéis carregados de pequenos grânulos de ferro-nióbio, o produto usado nos processos siderúrgicos.
Não há ainda uma previsão clara sobre quando essa mudança logística poderá se tornar realidade. Se as negociações prosperarem, será a primeira vez na história da CBMM, iniciada nos anos 60, que todo o transporte do nióbio será feito por trens até os portos. “Isso teria um impacto financeiro. Nós conseguiríamos economizar em logística em torno de R$ 20 milhões por ano”, diz o executivo.
É um valor diminuto para uma empresa que em 2018 teve receita de R$ 7,4 bilhões. Mas, segundo Ribeiro, há outros dois elementos que são importantes para empresa. Um deles é a redução de emissão de CO2. A empresa computa em seus relatórios tanto o CO2 emitido na produção quanto no escoamento do ferro-nióbio.
Outra questão é a segurança. “Quando fazemos embarques rodoviários usamos escoltas porque já tivemos roubos de cargas; por ferrovia, o risco é bem é menor.”
Fonte: Valor Econômico
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