Recado dado
A mineração precisa se preparar para o pós crise. Este foi o recado que Antonio
Carlos Tramm, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), passou
para o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e mais 30 entidades
ligadas ao setor. “Ficam falando em fazer mineração em terra indígena, que
é algo que vai demandar muita discussão, e deixam de fazer onde já se tem
minério e já está tudo pronto para retira-lo do solo”, disse em uma reunião
virtual no último domingo. A observação de Tramm foi direcionada para a região
Sudoeste da Bahia, onde a Bamin tem ferro a perder de vista e uma mina pronta
para ser explorada, além de outros projetos em diferentes estágios de
andamento. Juntos, podem levar Caetité e cidades vizinhas a produzirem mais de
40 milhões de toneladas de minério em um futuro próximo. Falta só a Ferrovia de
Integração Oeste-Leste (Fiol) que, sabe-se lá porque, o governo federal vive
adiando a licitação. As palavras de Tramm surtiram efeito e o Ministério de
Minas e Energia incluiu a Fiol em sua lista de projetos estratégicos para o
setor mineral brasileiro.
Olha a conta
O presidente da CBPM Antonio Carlos Tramm usa um cálculo simples para
demonstrar a importância da Fiol para a economia brasileira. Com o preço do
minério de ferro em torno de US$ 90 por tonelada e a Cfem, royaltie do setor
mineral, para o ferro em 3,5%, a produção na região Sudoeste vai render por ano
mais de R$ 500 milhões. Isso sem contar o consumo de produtos e a movimentação
econômica gerada pela massa de salários. É muita coisa, mas falta a estrutura
de escoamento, lembra Tramm. “Mineração é uma atividade essencial, que
pode transformar positivamente a realidade não apenas da nossa Bahia em
particular, mas de todo o Brasil”, avalia o presidente da CBPM.
Andamento
De acordo com a Valec, empresa federal responsável pelo projeto, os 537,2
quilômetros do primeiro trecho da Fiol – entre as cidades baianas de Ilhéus e
Caetité – estão 73,6% concluídos. A ferrovia completa deverá ter 1.022
quilômetros, ligando o litoral sul baiano à cidade de Figueirópolis, em
Tocantins. O governo baiano apresentou o projeto a investidores chineses, que
demonstraram interesse em investir na ferrovia. Mas o problema é que a
licitação, prevista para o final do ano passado foi adiada para o último mês de
março. No dia 22, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, informou à
Agência Infra que a crise do coronavírus deverá atrasar as licitações do setor.
Além disso, o projeto da Fiol está parado no TCU, aguardando análise
técnica.
E a ponte?
Outro investimento de infraestrutura na Bahia impactado pela crise do
coronavírus é a Ponte Salvador-Itaparica. Primeiro, os chineses ficaram
isolados lá e agora estamos todos isolados do lado de cá. Ainda assim, o
governo baiano garante que o contrato de licitação com o consórcio vencedor
será assinado até o final deste mês, portanto dentro do prazo previsto. Segundo
informações do governo baiano, equipes técnicas da Bahia e da China tem tratado
desde janeiro questões como as áreas dos canteiros de obra, licenças ambientais
e a apresentação de uma prévia do cronograma de construção.
Fonte: O Correio
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