Frutos da parceria

A MRS Logística e a Novelis América do Sul firmaram, no início de julho, um contrato para ampliação do transporte ferroviário em contêineres de bobinas de alumínio laminado e produtos recicláveis do metal. A empresa é uma das líderes mundiais no segmento de laminação e reciclagem de alumínio, especialmente de latas de bebidas. O contrato vem na esteira do plano da Novelis de ampliar a produção em sua fábrica em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, com direito à construção de novo ramal ferroviário de 2 km, ligando a unidade à malha da MRS, e de um terminal de carga e descarga dentro da planta. O investimento global da Novelis para o projeto de expansão é de R$ 650 milhões, incluindo a parte ferroviária. O acordo com a MRS tem duração de cinco anos.

 

Toda a conceituação do projeto levará cerca de seis meses – desde o planejamento até a inauguração do ramal e do terminal, passando pela licença da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e dos órgãos ambientais. O novo ramal está previsto para entrar em operação no último trimestre desse ano e foi concebido para eliminar a rota feita por caminhões até um terminal de cargas, que fica a 50 km de distância da fábrica. Já o terminal dentro da planta foi inaugurado em outubro. Com a expansão, a fábrica da Novelis passará a ter capacidade produtiva anual de aproximadamente 680 mil toneladas de bobinas de alumínio e de 450 mil toneladas para reciclagem de alumínio. A operação firmada com a MRS tem como foco o transporte de carga até o Porto de Santos.

 

A Novelis já era cliente da MRS, mas na visão do gerente geral de Negócios do Segmento de Carga Geral da MRS, Guilherme Alvisi, o novo acordo tem outra dimensão para a companhia. A expectativa da concessionária é responder por 100% do transporte de produtos da fábrica da Novelis, em Pindamonhangaba – atualmente, a MRS atende cerca de 20% da movimentação.

 

“É um case inédito. Temos um cliente que opera essencialmente com contêiner e está construindo um ramal dedicado a isso. Os frutos serão a confiabilidade no transporte, com maior segurança operacional e um custo menor, já que a operação de transbordo de contêineres nos caminhões é custosa”, ressalta. Outro fator visto como primordial pelo gerente é a maior segurança que a operação traz. “Reduzimos a praticamente zero o risco de roubo de cargas. Com isso, o custo do seguro também é mais baixo”, acrescenta.Para Felipe Santos, diretor de Suprimentos da Novelis, a parceria com a ferrovia é vital para aprimorar a logística de produção. “Essa modalidade facilitará o acesso direto aos portos de Santos e Itaguaí, que serão utilizados no primeiro momento, e do Rio de Janeiro, futuramente, conferindo mais agilidade e sustentabilidade à operação”, explica.

 

Estratégico

 

A MRS encara o projeto como uma parte importante de sua estratégia de mercado, focada na criação de parcerias para a implementação de novos terminais de cargas. De acordo com Alvisi, uma nova mentalidade no mercado está sendo estabelecida. “A solução logística está começando a aparecer, com investimentos efetivos para o acesso dedicado à ferrovia. Nos EUA, uma das primeiras coisas a ser observada para a instalação de uma fábrica é a proximidade com a linha férrea. No Brasil, por conta da predominância rodoviária, isto ficou em segundo plano. Por isso, vejo o projeto com a Novelis como inédito”.

 

Alvisi assegura que iniciativas como esta serão mais comuns nos próximos anos. “Temos projetos em estudo com outras empresas, nos mesmos moldes da Novelis”, afirma Alvisi, que projeta um futuro próspero para o transporte de cargas gerais por contêineres: “A participação da ferrovia ainda é muito baixa por conta da tradição rodoviária e também por falta de orientação do empresariado sobre nosso modal. O transporte de contêineres participa de apenas 2,5% das exportações deste tipo de carga pelo Porto de Santos. Ainda há um espaço gigantesco para crescimento”.

 

Fonte: Revista Ferroviária

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