Diário do Comércio – Empresas registram cancelamento de pedidos, e paralisação na produção de montadoras no País causa preocupação
A indústria da fundição em Minas Gerais vem enfrentando redução na demanda e cancelamento de encomendas em meio à cautela dos empresários. Além disso, a redução no ritmo da indústria automotiva gera preocupação no setor. A informação é do presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga.
Por outro lado, o setor segue com expectativas de manter neste ano o ritmo de crescimento apresentado em 2022, de aproximadamente 10%.
O presidente do Sifumg conta que o setor manteve neste primeiro trimestre o crescimento apresentado no ano passado e a expectativa para 2023 é que a indústria de fundição consiga manter esse progresso de cerca de 10% apesar das dificuldades encontradas.
Dentre os desafios que o setor deve enfrentar neste ano, Gonzaga destacou a atual diminuição da demanda e, em alguns casos, cancelamentos de encomendas; além da suspensão de investimentos, causada por uma postura mais cautelosa dos empresários que estão aguardando um posicionamento mais assertivo do governo federal.
Quanto à queda da demanda, o presidente do sindicato lembra que o setor da agroindústria havia sido um grande comprador no passado, mas que recentemente tem ocorrido uma recaída na demanda desse setor. Ele ainda destaca que esse fenômeno está ocorrendo paralelamente com os anúncios de paralisação do setor automotivo, que é o carro-chefe da indústria de fundição.
O presidente do Sifumg reforça ainda que essas paralisações na indústria automotiva são uma enorme preocupação para o setor de fundição, já que elas podem acabar afetando a produção. “Esses anúncios nos preocupam, inclusive, já estamos com reuniões agendadas para ouvir sobre os gargalos que estão acontecendo no setor automotivo para ver o que podemos fazer para não deixar isso afetar a produção”, relata. Ele lembra que o setor está com pedidos em carteira, mas os cancelamentos seguem sendo uma grande preocupação.
Gonzaga diz que o setor espera não ser afetado pelas paralisações das empresas fabricantes de automóveis e também está com expectativas de que a agroindústria possa contribuir para o crescimento do setor de fundição em Minas.
Ele ainda revela que a grande esperança dessa indústria neste ano está no marco regulatório do saneamento básico, pois esse marco poderá gerar um grande impacto na produção desse segmento, com um volume altíssimo causado por uma demanda reprimida há muitos anos. Outro marco importante para a indústria de fundição será o do setor ferroviário que, segundo ele, já está mais adiantado em São Paulo, com algumas licitações em andamento.
O presidente do sindicato que representa o setor em Minas garantiu que a indústria de fundição tem buscado se aproximar do novo governo, com reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com o objetivo de entender melhor qual seria o posicionamento do atual governo em relação a alguns temas como a reforma tributária.
Além disso, Gonzaga também afirma que o setor tem trabalhado, com o apoio da Fiemg, nas questões envolvendo a nova versão da reforma tributária, na busca por uma diminuição dos custos na indústria. Ele também reforça a necessidade de avançar com as discussões envolvendo a substituição tributária.
Na visão de Gonzaga, o País tem potencial para ter uma indústria forte e competitiva, mas para isso é preciso resolver a questão da desoneração, por meio do trabalho focado na reforma tributária e na desoneração da folha de pagamento. “É um absurdo onerar uma folha de pagamento, ou seja, onerar uma situação onde se gera emprego e renda”, declara. O presidente do sindicato ainda afirma que o setor de fundição acredita na postura do novo governo para resolver essas questões.
Mercado de fundição
Sobre o preço do minério, Gonzaga explica que ele está em um patamar normal, com a cotação dentro do que está sendo trabalhado, levando em consideração que não haverá nenhuma grande mudança no cenário internacional. “O mercado se mantém calmo a preços normais, dentro de uma conjuntura econômica e comercial normal”, relata.
Já com relação às exportações, o presidente do Sifumg afirma que o setor de fundição mantém o mesmo patamar, girando em torno de 18% a 22% de sua produção, e que ainda há mercado para uma possível melhoria. Ele também explica que os fabricantes exportadores contam com uma enorme segurança, já que as negociações são feitas por meio de contratos com prazos mais longos, permitindo uma melhor organização financeira dessas empresas.
Gonzaga afirma que a indústria de fundição segue competitiva e com grandes oportunidades para outros mercados. Ele lembra que a indústria de transformação deve estar sempre inovando, investindo, preparando mão de obra e aprimorando cada vez mais para poder atender seus clientes.
Fonte: Diário do Comércio (https://diariodocomercio.com.br/economia/paralisacao-de-montadoras-afeta-fundicao/)
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